terça-feira, 10 de maio de 2011

Boa Carga II

A nossa conterrânea Maria Luísa enviou-nos o seguinte comentário relativamente  há mensagem "Boa Carga". Dada a preciosidade do texto  decidimos publicar mensagem titulada.  O nosso muito obrigado.

"Vinde, que as batatas estão a ficar revidas (ou seria rebidas?)
Quantas vezes ouvi estes doces chamamentos, mesmo quando eram gritados e impacientes?
O fim da tarde: os guizos dos rebanhos que voltavam do monte com o Belisário (ou seria Velisário?), o chiar dos carros carregados e as vozes dos lavradores encaminhando os bois, dando-lhes ânimo.
Com as primeiras chuvas de Verão, a estrada cheirava a alcatrão molhado e quente e ao fumo das lareiras onde começava a arder a lenha oliveira...
Acabado o trabalho e quando se conseguia reunir a "canalha" à mesa, agradecia-se a Deus a refeição e todos se atiravam às batatas "arreganhadas" bem temperadas e mais qualquer coisa que servia de conduto...
Não havia novelas. Nem morangos... com ou sem açúcar... A fruta apanhava-se das árvores, às vezes quente, e comia-se ali mesmo à beira da colheita....
Havia dificuldades, mas a família era "um só".
E tudo servia para rir (e às vezes para ralhar) à volta da mesa.
A rebeldia não se aprendia na TV. Era a própria vida que a criava, entre o desassossego da adolescência e o travão dos pais (que bem se lembravam da sua).
Vinde! Doce memória, para quem tantas vezes s sentiu acolhido numa família a que chamava sua, embora o parentesco se perdesse já no tempo.
Um abraço para quem me trouxe estas recordações, que não sei quem é...
Daqui, da minha Lisboa mando um beijo para a D. Ção e o Sr. Pinho.
Brinquei com a Isabel, chorei com o Quim. Vi crescer a Lena, o Zé Luís de quem a minha mãe gostava muito porque tinha o nome do pai dela.
Afastei-me um pouco dos vizinhos mas nunca os esquecerei, nem a essa terra, fonte de todos os meus sonhos de vida e que agora começa também a ser um relicário de ternas saudades."

2 comentários:

  1. "Prima" Luísa !... Acabo de perceber que as nossas gerações são distantes mas comungam de nostalgia comum. Beijos. paulodacunha:)

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  2. LUISINHA
    Como sempre disse, escreves com o coração...
    Apesar de as minhas nostalgias serem outras...conseguiste transportar-me no tempo até uma Vilela que eu não conheci,mas que concerteza é como tu a descreves...Continua a brindar-nos com os teus textos.bj
    Paula (Manel Preciosa)

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